HA SÉCULOS OS SERES HUMANOS VEM REALIZANDO ALTERAÇÕES NA NATEREZA, E COLOCANDO EM RISCO A EXISTÊNCIA

DE VÁRIAS ESPÉCIES DE VEGETAIS E DE ANIMAIS DO PLANETA... EXPLIQUE COM SUAS PALAVRAS ESSA AFIRMAÇÃO.​

1 Resposta

  • Wanessa

    Explicação:

    Paisagem: emergência das relações homem natureza?

    As relações que se estabelecem entre o homem e a natureza revelam-se em características da dialética. O homem como ser vivo é gerador e sujeito de uma história, autor e destinatário de regras. Homem e natureza têm um vínculo, sem que, no entanto, se possam reduzir um ao outro. Esse é o principal fundamento da idéia do vínculo e do limite das relações do homem com a natureza defendido por Ost (1995).

    A crise da relação homem-natureza, vivenciada no processo histórico da evolução da humanidade, tem como pano de fundo a busca pelo sentido do vínculo e do limite. A crise do vínculo ocorre, pois o homem perde a capacidade de identificar o que o liga ao animal, ao que é vivo, à natureza. Já a crise do limite é determinada pela incapacidade de percepção do que na natureza se diferencia dele. O homem é um pedaço da natureza, e em contrapartida, a natureza produz a hominização. O homem guia e segue simultaneamente a natureza, nas palavras de Morin (2005).

    A questão histórica nos leva a refletir sobre o tipo de relação que estabelecemos com a natureza, incluindo a nossa própria natureza. Nesse sentido, a paisagem deve ser entendida como realidade física ou como construção social? Em constante transformação, dos costumes sociais de um determinado local, a paisagem evoluiu entre natureza e sociedade; ela é simultaneamente natureza-objeto e natureza-sujeito. Nesse sentido, a paisagem revela uma dialética entre uma realidade de ordem física e ecológica e enquanto construção social (Bertrand, 1978). Como propriedade emergente das interações homem-natureza, a paisagem, onde o homem se movimenta e vive, não pode deixar de ser discutida como um resultado da sua presença. Presença essa que interfere no ambiente, criando novas situações e exigindo cada vez mais recursos do território, gerando desproporção entre a maneira de se viver e de se ocupar o espaço.

    O Planalto Norte Catarinense apresenta processos de colonização que marcaram a história de Santa Catarina e que determinaram um dos mais importantes fenômenos econômicos do século XX para o Estado: a produção de madeira a partir da extração do pinheiro (Araucaria angustifolia L.) e em menor escala da imbuia (Ocotea porosa Nees et Martius ex Nees), e posteriormente, a expansão de florestas plantadas de pinus (Pinus Elliot ti Engelm. e Pinus taeda L.). Em ambas as fases, do pinheiro e do pinus, o extrativismo florestal teve direcionamento para a produção madeireira, o que impôs sucessivas mudanças na paisagem. Dominante em todo o Planalto Catarinense, a Floresta da Araucária recebeu o impacto da ação humana e foi suprimida durante setenta anos para o sustento da economia regional e estadual. Da floresta original, restam poucos pinhais. Na tentativa de repor a matriz florestal, as indústrias madeireiras ingressam numa nova etapa de produção, tendo o pinus como elemento de produtividade da paisagem. Em pleno desenvolvimento na atualidade, a indústria madeireira representa para a região a sustentação socioeconômica e é destaque no cenário florestal por tentar compatibilizar a conservação da paisagem com o desenvolvimento empresarial.

    Diante do pressuposto de que o passado conserva-se, e além de conservar-se, atua no presente (Bosi, 1994), foram desenvolvidos cenários da relação homem-natureza a partir de uma abordagem sistêmica, que incluiu aspectos sociais, políticos, econômicos, ambientais e suas inter-relações numa escala temporal de cinqüenta anos. Cenários são entendidos como métodos artificiais de ver a história. São construídos num processo de aprendizagem e formados por um conjunto de variáveis (ambientais, políticas, econômicas e sociais) que inter-relacionadas permitem a emergência de uma paisagem como resultado da relação homem-natureza.

    Algumas questões orientadoras para discussão de cada cenário são propostas: Qual a relação do homem do Planalto Norte Catarinense com a natureza, caracterizada pela Floresta dos Pinhais? Qual a implicação das diferentes visões de mundo sobre a paisagem e toda sua complexidade? E mais especificamente: Qual a implicação dos processos históricos sobre os padrões existentes na paisagem em cada cenário?

    Desta forma, não se pretende discutir formas de controlar os processos temporais, nem tampouco, a complexidade da paisagem, mas apontar os desdobramentos que a relação homem-natureza produziu para a prática da conservação da paisagem e da restauração ambiental.

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