Cite a frase que representa a sabedoria ocidental no cristianismo​

1 Resposta

  • ClayverSantos

    A cultura ocidental não se pensa sem a história do cristianismo. Ele permeou-a em todos os campos, desde o estritamente religioso até o político, passando pelo artístico. Qualquer turista que visita a Europa extasia-se diante das monumentais obras do cristianismo.

    No silêncio deixado por Bento XVI com a renúncia, surge a pergunta: que impacto tal fato terá sobre a cultura ocidental? Ele não teria antevisto o crescimento da descristianização da Europa e se sentiu impotente diante de tal avalanche? A União Europeia não tinha rejeitado reconhecer o cristianismo como pedra fundamental da constituição da Europa dos dois milênios depois da primeira evangelização?

    Armaram-se quatro hipóteses sobre a relação entre o cristianismo e a cultura europeia e na sua prolongação em relação à toda cultura ocidental. A primeira, drástica, anuncia sem mais o fim do cristianismo. Vários livros se escreveram sobre tal tema. Com seu desaparecimento, a fé cristã também cessaria de ter presença como tal. Não responderia a nenhum centro de sentido que norteasse a vida das pessoas e da sociedade. Tudo correria como se ele já não existisse e tivesse perdido toda força impactante. Posição extrema que até hoje não se verifica, mas alguns julgam ver-lhe os sinais anunciadores.

    O cristianismo continua, sim, mas dissolve-se na cultura ocidental, como sal na água. Não se vê o sal, mas sente-se a água salgada. Neste sentido, a cultura ocidental continua a ostentar valores que ela recebeu e aprendeu da tradição cristã. A conversão do Império Romano e a criação da cristandade marcaram definitivamente o Ocidente com elementos da revelação bíblica interpretada e vivida pelos cristãos à luz do mistério da encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Conquistas da modernidade, que pareciam ser da pura razão, de fato se alimentaram da tradição cristã, como, por exemplo, a dignidade inegociável da pessoa humana.

    Abre-se terceira possibilidade. João Paulo II apostou nela. Procurou revitalizar, restaurar, restabelecer expressões cristãs em decréscimo pelo impacto da razão moderna secularizante, pelos filósofos da suspeita e por outros fatores dissolventes da modernidade e pós-modernidade. Teve parte de êxito. No entanto, o processo de destituição social do cristianismo prossegue.

    Outra chance surge para o cristianismo. Bem diferente. Acabou inexoravelmente o sistema religioso, ligado à modernidade do Ocidente e muito dependente dela. O cristianismo na configuração tipicamente europeia ou mesmo ocidental sofre forte desgaste. No entanto, algo está a surgir. Apenas vislumbramos.

    Estamos na linha de partida, na margem de nova era da humanidade em que o Evangelho tem a palavra precisamente inaugural que abre o espaço de vida. Nisso apostamos. Se o Evangelho constitui-se, aqui e agora, a palavra iluminadora da vida, tudo se arruma. Desloca-se a preocupação para a evangelização no sentido etimológico: "evangelho em ação". Os problemas da Igreja recuam para segundo plano, mesmo se ficam sem resposta. Sentimo-nos felizes se o Evangelho rompe o silêncio da indiferença para soar como interpelação e palavra de esperança para a humanidade.

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