A Ilha de Marajó, no Norte do Pará, não se destaca apenas por suas belezas naturais e por seu imenso rebanho de búfalos. A cultura local também é motivo de fascinação para quem é de fora. Suas lendas, festas e danças características são parte fundamental da identidade das populações da ilha.
A música típica é uma de suas grandes riquezas. “Os principais ritmos são o Carimbó, difundido por todo o Pará, e o Lundu, que fica mais restrito à ilha”, conta Amélia Barbosa, coordenadora do Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho.
Ambos os estilos têm influências africanas e são tocados com os mesmos instrumentos: curimbó – tambor feito com tronco oco e pele de animal – flauta, banjo, cavaquinho, maracas, xeque-xeque (um tubo com pedras ou outros objetos que fazem barulho), entre outros.
O Carimbó é dançado em uma roda, com os casais se movimentando no sentido anti-horário. Os pares dançam soltos, com pés descalços e passos miúdos. O ritmo é animado e contagiante. “Os escravos dançavam o Carimbó ao final dos dias de trabalho, como uma forma de tirar o cansaço”, diz Amélia. “Durante as apresentações, vemos que ninguém consegue ficar parado, mesmo crianças de colo ou idosos se movimentam no ritmo”, destaca.
As mulheres usam saias longas, rodadas e floridas, blusas brancas com babados, flores no cabelo e outros adereços. Os homens vestem calças azuis ou brancas e camisas com o mesmo tecido da saia de seu par. Apesar de o Carimbó ser popular em todo o Pará, o ritmo dançado em Marajó tem características específicas, como cantos que falam do cotidiano pastoril dos caboclos e de lendas da ilha.
Já no Lundu, os trajes da dama são parecidos, mas as calças masculinas só podem ser brancas e os homens podem dançar sem camisa. O ritmo, neste caso, é mais lento, e a coreografia é dançada de pertinho. “É uma dança de conquista”, explica Amélia.
As lendas também ajudam a compor o quadro cultural da ilha. Uma delas conta a história de um vaqueiro que desapareceu sem deixar rastros. O rapaz, de nome Boaventura, teria ficado encantado com os campos do Marajó. Daí em diante, ele passou a aparecer nos sonhos de um amigo e colega de profissão. Boaventura pedia uma garrafinha de cachaça e avisava que soltaria os búfalos nos dias de ferra (quando os animais são marcados), o que realmente
A lenda do Boaventura é uma das principais do Marajó. Com algumas variações, a história é conhecida por todos na região. “Os mais antigos ainda mantêm o hábito de pedirem autorização do vaqueiro quando vão cruzar as porteiras de fazendas”, conta a coordenadora do Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho. Segundo a crença, quem não fizer isso corre o risco de se perder nos campos. O Grupo encena lendas e realiza apresentações com músicas típicas.
Os habitantes das cidades do Marajó também conhecem diversas outras histórias de casos sobrenaturais, como a lenda da Mulher Cheirosa, que aparece durante a noite para seduzir homens, levá-los para lugares distantes e desaparecer em seguida. A lenda do Boto, popular em toda a região amazônica, também é difundida na ilha.
Os 16 municípios que compõem a ilha também preservam fortes tradições cristãs, e realizam festas para diversos padroeiros. Dependendo da cidade, há procissões para São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição, São João Batista, entre outros.
Outro aspecto bastante característico de Marajó é a culinária. Com um rebanho de 600 mil búfalos, muitos pratos típicos dependem do animal. Uma das refeições mais tradicionais é o filé marajoara: carne de búfalo coberta com mussarela de búfala.
O leite das búfalas, além de ser consumido naturalmente, também dá origem ao queijo marajoara, que pode ser do tipo creme ou manteiga. Além dos pratos feitos a partir destes animais serem ricos em sabor, eles têm menos colesterol que os de origem bovina. Nos hotéis e restaurantes de Marajó também é possível apreciar pratos típicos de frutos do mar, como o popular caldo de turu, molusco comprido que vive em árvores nos manguezais.
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A Ilha de Marajó, no Norte do Pará, não se destaca apenas por suas belezas naturais e por seu imenso rebanho de búfalos. A cultura local também é motivo de fascinação para quem é de fora. Suas lendas, festas e danças características são parte fundamental da identidade das populações da ilha.
A música típica é uma de suas grandes riquezas. “Os principais ritmos são o Carimbó, difundido por todo o Pará, e o Lundu, que fica mais restrito à ilha”, conta Amélia Barbosa, coordenadora do Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho.
Ambos os estilos têm influências africanas e são tocados com os mesmos instrumentos: curimbó – tambor feito com tronco oco e pele de animal – flauta, banjo, cavaquinho, maracas, xeque-xeque (um tubo com pedras ou outros objetos que fazem barulho), entre outros.
O Carimbó é dançado em uma roda, com os casais se movimentando no sentido anti-horário. Os pares dançam soltos, com pés descalços e passos miúdos. O ritmo é animado e contagiante. “Os escravos dançavam o Carimbó ao final dos dias de trabalho, como uma forma de tirar o cansaço”, diz Amélia. “Durante as apresentações, vemos que ninguém consegue ficar parado, mesmo crianças de colo ou idosos se movimentam no ritmo”, destaca.
As mulheres usam saias longas, rodadas e floridas, blusas brancas com babados, flores no cabelo e outros adereços. Os homens vestem calças azuis ou brancas e camisas com o mesmo tecido da saia de seu par. Apesar de o Carimbó ser popular em todo o Pará, o ritmo dançado em Marajó tem características específicas, como cantos que falam do cotidiano pastoril dos caboclos e de lendas da ilha.
Já no Lundu, os trajes da dama são parecidos, mas as calças masculinas só podem ser brancas e os homens podem dançar sem camisa. O ritmo, neste caso, é mais lento, e a coreografia é dançada de pertinho. “É uma dança de conquista”, explica Amélia.
As lendas também ajudam a compor o quadro cultural da ilha. Uma delas conta a história de um vaqueiro que desapareceu sem deixar rastros. O rapaz, de nome Boaventura, teria ficado encantado com os campos do Marajó. Daí em diante, ele passou a aparecer nos sonhos de um amigo e colega de profissão. Boaventura pedia uma garrafinha de cachaça e avisava que soltaria os búfalos nos dias de ferra (quando os animais são marcados), o que realmente
A lenda do Boaventura é uma das principais do Marajó. Com algumas variações, a história é conhecida por todos na região. “Os mais antigos ainda mantêm o hábito de pedirem autorização do vaqueiro quando vão cruzar as porteiras de fazendas”, conta a coordenadora do Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho. Segundo a crença, quem não fizer isso corre o risco de se perder nos campos. O Grupo encena lendas e realiza apresentações com músicas típicas.
Os habitantes das cidades do Marajó também conhecem diversas outras histórias de casos sobrenaturais, como a lenda da Mulher Cheirosa, que aparece durante a noite para seduzir homens, levá-los para lugares distantes e desaparecer em seguida. A lenda do Boto, popular em toda a região amazônica, também é difundida na ilha.
Os 16 municípios que compõem a ilha também preservam fortes tradições cristãs, e realizam festas para diversos padroeiros. Dependendo da cidade, há procissões para São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição, São João Batista, entre outros.
Outro aspecto bastante característico de Marajó é a culinária. Com um rebanho de 600 mil búfalos, muitos pratos típicos dependem do animal. Uma das refeições mais tradicionais é o filé marajoara: carne de búfalo coberta com mussarela de búfala.
O leite das búfalas, além de ser consumido naturalmente, também dá origem ao queijo marajoara, que pode ser do tipo creme ou manteiga. Além dos pratos feitos a partir destes animais serem ricos em sabor, eles têm menos colesterol que os de origem bovina. Nos hotéis e restaurantes de Marajó também é possível apreciar pratos típicos de frutos do mar, como o popular caldo de turu, molusco comprido que vive em árvores nos manguezais.