O racismo covarde, apontado por Reinaldo, é o responsável por perseguir atletas e técnicos negros depois

de seus posicionamentos a favor da luta antirracista. Foi assim com ele, assim como com Paulo Cezar Caju, Lula Pereira, Tinga, Cristóvão Borges, Aranha... Silenciamento que ultrapassa os campos de futebol. Primeiro campeão pan-americano de taekwondo, Diogo Silva lembra com detalhes as consequências de, assim como Reinaldo, erguer o punho cerrado ao subir no pódio durante as Olimpíadas de Atenas, em 2004.

"Eu fui perseguido politicamente, meu salário foi cortado, meus projetos não eram aprovados. Eles tentavam me invisibilizar."
- As pessoas hoje lembram de mim muito mais pelas minhas atitudes do que pelos meus resultados. Outra consequência? Mercado não apoia a desobediência. Porque eles têm um padrão de ordem que para nós, que está do outro lado, é a desordem. Eles querem a obediência. A obediência é: termine sua graduação, faça pós graduação, mestrado, aprenda outra língua, para que você receba o menor salário sendo o mais qualificado e tendo o maior número de horas trabalhadas.

A dor da fala, não é meramente econômica. Ator, escritor, diretor e apresentador, Lázaro Ramos é uma voz ativa dos negros e negras no Brasil. Há cinco anos interpretando Luther King no teatro, ele reconhece o quão difícil é falar sobre um tema que abre as cicatrizes deixadas por uma vida de luta.

Jurista e PHD em filosofia, Silvio de Almeida traz na repressão à maioria a explicação para a perseguição ao povo de pele escura. Numa sociedade em que 56% da população é negra, cabe à elite o papel de oprimir e silenciar para manter a estrutura classista no Brasil. Um contraponto aos EUA, em que apenas 13% da população é negra.

"No Brasil, os negros são maioria e para manter a desigualdade social que existe no Brasil, o Estado tem que ser muito mais violento do que o Estado americano. O racismo sempre é um flerte com a morte. Mais do que um flerte com a morte, o racismo é um casamento com a morte. A morte é o último estágio."
Pesquisador e responsável pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho reconhece as dificuldades de falar, mas acredita que posicionamentos como os de Tchê Tchê são determinantes para auxiliar o combate ao racismo. Não só no futebol, mas numa sociedade em que um jovem negro morre a cada 23 minutos, segundo a Organização das Nações Unidas.

"Quando a gente fala em posicionamento de jogador de futebol no Brasil, porque atletas de futebol não se posicionam, a gente deve lembrar que falar de racismo para nós negros, jogadores negros, é buscar na memória algo extremamente ruim. É buscar na memória uma situação marcada por algo negativo."
Falar do não posicionamento dos atletas é mais uma forma de trazer o recorte para um olhar racista. Afinal, qual o espaço dado para que negros e negras mostrem que suas conquistas e lutas valem mais que suas dores?

O jurista e PHD em filosofia, Silvio de Almeida e o pesquisador Marcelo Carvalho fazem um paralelo entre a questão racial no Brasil e nos Estados Unidos. A partir da leitura das falas desses pensadores e de pesquisas que você possa fazer, descreva as diferenças e semelhanças da população negra nos dois países e o comportamento das nações em relação à cor, além dos desafios e estágios que as duas nacionalidades se encontram ???​

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