Amari, o poeta, cantava a sua alegria, cantava a sua esperan

ça. Saíam-lhe dos lábios [. ] delicadíssimos, palavras cintilantes como o sol de verão. Amari cantava, sentado debaixo do grande carvalho, o carvalho que se erguia no alto da colina. [. ] Acorreram a escutar os cantos [. ] de Amari os esquilos vivos [. ], os cervos tímidos, as lebres palpitantes, os arminhos de vestes de neve. Até o feroz lobo apareceu para ouvir as palavras de luz [. ]. A voz da poesia era doce, comovia também o gelado coração dos peixes. E os peixes choraram; choraram as aves, choraram os animais da floresta. Acabou chorando [. ] o próprio Amari, o homem [. ] da alegria sem fim. As lágrimas rolaram pelo seu rosto, caíram em seu joelho, deslizaram pela encosta da colina, foram desaparecer no mar. Eram muitas, muitas lágrimas transparentes como o cristal, redondas como as sementes de gengibre. Amari viu-as escorrer debaixo de si como um rio de luz. Quanto terminou de cantar, chamou a pata azul. – Ó patinha da cor do céu sereno, animal gracioso que gostas de mergulhar na água, afunda-te no oceano e do seio das ondas recolhe as minhas lágrimas [. ]. A pata azul mergulhou, tomou as lágrimas uma a uma no bico e veio trazê-las de volta ao poeta. [. ] Não eram mais lágrimas: eram pérolas, esse pranto da poesia. [. ] A terra estava, assim, enriquecida com um novo motivo de fascinação. Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2022. Adaptado para fins didáticos. Fragmento. Nesse texto, no trecho "Amari viu-as escorrer. " (6º parágrafo), o termo destacado se refere a aves. Lágrimas. Lebres. Ondas

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