Que, em meio de tão graves sucessos, Aires tivesse bastante

pausa e claridade para imaginar tal descoberta no vizinho, só se pode explicar pela incredulidade com que recebera as notícias. A própria aflição de Custódio não lhe dera fé. Vira nascer e morrer muito boato falso. [. ] Só às duas horas da tarde, quando Santos lhe entrou em casa, acreditou na queda do império. – É verdade, conselheiro, vi descer as tropas pela Rua do Ouvidor, ouvi as aclamações à república. As lojas estão fechadas, os bancos também [. ]. Aires quis aquietar-lhe o coração. Nada se mudaria; o regime, sim, era possível [. ]. Comércio é preciso. Os bancos são indispensáveis. No sábado, ou quando muito na segunda-feira, tudo voltaria ao que era na véspera, menos a constituição. – Não sei, tenho medo, conselheiro. – Não tenha medo. A baronesa já sabe o que há? – Quando eu saí de casa, não sabia, mas agora é provável. – Pois vá tranqüilizá-la; naturalmente está aflita. [. ] Santos saiu; tinha o carro à espera, entrou e seguiu para Botafogo. Não levava a paz consigo, não a poderia dar à mulher, nem à cunhada, nem aos filhos. [. ] O espaço do carro era pequeno e bastante para um homem; mas, enfim, não viveria ali a tarde inteira. Ao demais, a rua estava quieta. Via gente à porta das lojas. [. ] ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Portal Domínio Público. Disponível em: . Acesso em: 18 fev. 2022. Fragmento. Mantida a ortografia original. O contexto histórico desse texto está relacionado à chegada dos portugueses no Brasil. À proclamação da República. Ao declínio do Brasil Colônia. Ao início da Era Vargas. Ao período Regencial brasileiro

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