1-Qual a relação entre a formação do pensamento racional e a construção do Sistema Capitalista?



2-Qual o papel da subjetividade na formação do pensamento racional humano?

Tenho desinteligência ​

1 Resposta

  • liviassiqueira

    resposta:Quando lemos um texto, devemos levar em consideração um princípio fundamental da hermenêutica que pode nos ajudar a compreender o que moveu o autor ao escrevê-lo. Trata-se de um princípio muito simples, mas não sem importância, que consiste em indagar qual questão ou tema está subjacente ao texto que vamos ler. Se nós perguntarmos ao texto algo que ele não pretende responder, então é inevitável que ocorra um choque entre o leitor e o autor e, por conseguinte, uma reação de frustração por parte de um leitor que se sente ludibriado. Os títulos dos textos podem ser enganadores, sobretudo quando um título se torna muito vago em decorrência da diversidade de assuntos que pode conter. Esse é o caso deste artigo, e, por isso, é recomendável esclarecer a questão que o orienta e o seu desdobramento expositivo, ou seja, iniciá-lo com uma consideração preliminar.

    O tema deste artigo é teórico e, simultaneamente, abrangente e complexo. Trata-se, na verdade, de um work in progress que se articula a diversos outros textos já publicados ou encaminhados para publicação. No entanto, apesar da obscuridade de algumas ideias que precisam ainda ser amadurecidas, o argumento que aqui se desenvolve tem a pretensão da clareza, uma vez que seu conteúdo tem um caráter programático e seu objetivo consiste em contribuir para um horizonte de discussão que atualmente se trava no campo da Psicologia. Começo, portanto, assinalando que o título proposto traz consigo a ideia matriz que será desdobrada na exposição e que pode ser apresentada por meio da seguinte tese: não podemos prescindir da categoria de subjetividade na construção de uma teoria crítica da sociedade. Tomo aqui o termo "categoria" no sentido clássico de um predicado de grande extensão que permite organizar significativamente a realidade. Assim, por exemplo, uma coisa pode estar situada neste ou naquele lugar específico, mas todas as coisas materiais estão localizadas em algum lugar e, por conseguinte, só podem ser concebidas a partir da categoria de espaço. Desse modo, a categoria de espaço é fundamental para caracterizarmos o conjunto das coisas materiais, mas não se aplica aos objetos mentais, pois estes não são localizáveis no espaço. O mesmo ocorre, como mostrou Aristóteles, com outras categorias, como tempo, substância, quantidade, qualidade ou relação que são os significados fundamentais do ser (Aristóteles, 1967, Cat. 4; Aristóteles, 2012, Met. p. 20-25; Mora, 1981, p. 253-260).

    Numa perspectiva semelhante, podemos dizer que a categoria de subjetividade, tal como foi proposta pelo pensamento moderno, define a dimensão irredutível do ser humano e o distingue radicalmente de todos os outros entes. Tal consideração pode parecer bastante óbvia, mas atualmente pode-se discernir uma tendência simultaneamente forte e difusa de naturalização do ser humano, que passa a ser tratado como uma coisa entre outras e se torna objeto de conhecimento científico e de manipulação técnica. Ainda que a naturalização do humano seja apresentada como um imenso progresso que beneficiará a nossa vida, tornando-a mais longa, saudável e produtiva, o abandono da categoria de subjetividade no esforço de conceitualização do ser humano tem uma clara função ideológica e se contrapõe ao projeto de uma teoria crítica da sociedade (Drawin, 2004).

    Essa é a ideia que aqui se expõe em toda a sua simplicidade temática. No entanto a categoria de subjetividade contém em si múltiplas e heterogêneas significações, e também, por conseguinte, muitos problemas e dificuldade. Esse conjunto, que reúne essas significações heterogêneas, que podem ser mais ou menos discernidas, e os problemas que os próprios discernimentos suscitam foi aqui denominado como "problemática", pois esse termo concerne a uma inter-relação de concepções e questionamentos ou de teorias que suscitam novos problemas e de problemas que demandam novas proposições teóricas.

    Seria preciso, então, desbastar esse cipoal semântico de modo a traçar o caminho do argumento aqui desenvolvido e que se tece em torno da questão anteriormente indicada, a qual vale reiterar: em que sentido a categoria de subjetividade é relevante para uma teoria crítica da sociedade? Não há, aqui, nenhuma pretensão de responder tal questão, mas apenas fornecer alguns elementos que possam subsidiar o seu enfrentamento. Para tanto, essa exposição foi dividida em três partes:

    1ª - a problemática da subjetividade: uma demarcação metódica;

    2ª - a problemática da subjetividade: uma elucidação filosófica;

    3ª - a problemática da subjetividade: uma proposição crítica.

    Explicação:

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