A dificuldade, que já a simples ideia desta tarefa põe diante dos olhos, é a seguinte: o homem é um animal

que, quando vive entre os seus congêneres, precisa de um senhor. De fato, abusa da sua liberdade em relação aos outros semelhantes; e embora, como criatura racional, deseje uma lei que ponha limites à liberdade de todos, a sua animal tendência egoísta desencaminha-o, contudo, onde ele tem de renunciar a si mesmo. Necessita, pois, de um senhor que lhe quebrante a vontade própria e o force a obedecer a uma vontade universalmente válida, e possa, todavia ser livre. Mas onde irá ele buscar este senhor? A nenhures, a não ser ao gênero humano. Mas tal senhor é também um animal, que carece de um senhor.

KANT, I. Ideia de uma História Universal com um propósito cosmopolita.
Trad. Artur Mourão. Ed. LusoSofia. p. 10-11.

Em se tratando do pensamento ético de Immanuel Kant, acerca dos temas da natureza humana e da liberdade, o texto indica que

A
o conceito de heteronomia na ética kantiana supõe a desconfiança e o pessimismo na humanidade acerca da possibilidade de uma vida livre e moral.

B
a instauração da nossa liberdade está no domínio da razão prática, pois é por meio dela que se pode definir novas formas de organizar o nosso espaço de convivência.

C
não há caminho possível para uma convivência harmônica entre os homens, vistos o caráter amoral da natureza humana e a impossibilidade de conciliar liberdade e vida social.

D
o homem precisa desenvolver a capacidade de se autoproduzir, o que significa organizar as condições que propiciem a liberdade por meio de estruturas de poder fundadas na submissão e no controle da razão.

E
para ser livre o ser humano necessita se reencontrar com sua verdadeira natureza, reinstaurando o senhorio sobre si mesmo, algo que só é possível com o distanciamento das estruturas de poder e da vida comunitária.

1 Resposta

  • Elen

    Alternativa correta. B

    a instauração da nossa liberdade está no domínio da razão prática, pois é por meio dela que se pode definir novas formas de organizar o nosso espaço de convivência.

    Kant atribui o desenvolvimento humano através do entendimento do domínio da razão prática, de forma que se torne possível a evolução moral, a partir do entendimento de um equilíbrio das diferenças humanas.

    A partir destas considerações, as sociedades podem evoluir, efetivando-se a liberdade de expressão, por meio de cenários democráticos, que promovam a autorregulação, resultando no equilíbrio das relações de poder na sociedade.

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