A felicidade como atividade racional A felicidade tem, por conseguinte, as mesmas fronteiras que a contemplação,

A felicidade como atividade racional

A felicidade tem, por conseguinte, as mesmas fronteiras que a contemplação, e os

que estão na mais plena posse desta última são os mais genuinamente felizes, não

como simples concomitante mas em virtude da própria contemplação, pois que esta é

preciosa em si mesma. E assim, a felicidade deve ser alguma forma de contemplação.

Mas o homem feliz, como homem que é, também necessita de prosperidade

exterior, porquanto a nossa natureza não basta a si mesma e para os fins da

contemplação: nosso corpo também precisa de saúde, de ser alimentado e cuidado.

Não se pense, todavia, que o homem para ser feliz necessite de muitas ou de grandes

coisas, só porque não pode ser supramente feliz sem bens exteriores. A

autossuficiência e a ação não implicam excesso, e podemos praticar atos nobres sem

sermos donos da terra e do mar. Mesmo desfrutando vantagens bastante moderadas

pode-se proceder virtuosamente […]. E é suficiente que tenhamos o necessário para

isso, pois a vida do homem que age de acordo com a virtude será feliz.

[…]

E assim, as opiniões dos sábios parecem harmonizar-se com os nossos argumentos.

Mas, embora essas coisas também tenham certo poder de convencer, a verdade em

assuntos práticos percebe-se melhor pela observação dos fatos da vida, pois estes são

o fator decisivo. Devemos, portanto, examinar o que já dissemos à luz desses fatos, e

se estiver em harmonia com eles aceitá-lo-emos, mas se entrarem em conflito

admitiremos que não passa de simples teoria.

Ora, quem exerce e cultiva a sua razão parece desfrutar ao mesmo tempo a melhor

disposição de espírito e ser extremamente caro aos deuses. Porque, se os deuses se

interessam pelos assuntos humanos como nós pensamos, tanto seria natural que se

deleitassem naquilo que é melhor e mais afinidade tem com eles (isto é, a razão),

como que recompensassem os que a amam e honram acima de todas as coisas,

zelando por aquilo que lhes é caro e conduzindo-se com justiça e nobreza. Ora, é evidente que todos esses atributos pertencem mais que a ninguém ao filósofo. É ele,

por conseguinte, de todos os homens o mais caro aos deuses. E será,

presumivelmente, também o mais feliz. De sorte que também neste sentido o filósofo

será o mais feliz dos homens.

QUESTÕES SOBRE O TEXTO

1- Como Aristóteles relaciona contemplação e felicidade?

2- Comente a seguinte passagem: “A autossuficiência e a ação não implicam

excesso, podemos praticar atos nobres sem sermos donos da terra e do mar.

Mesmo desfrutando vantagens bastante moderadas pode-se proceder

virtuosamente [...]. E é suficiente que tenhamos o necessário para isso, pois a

vida do homem que age de acordo com a virtude será feliz”.

3- Em que sentido Aristóteles afirma que o filósofo é o mais feliz dos homens? Você concorda com isso? Por quê?​

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