Alegoria dos poços Nós somos o País da água, no entanto... Alegoria dos poços Nós somos o País da

Alegoria dos poços Nós somos o País da água, no entanto...

Alegoria dos poços

Nós somos o País da água, no entanto...
Vou contar-lhes uma história.
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Era uma vez o país dos poços. Podemos pensar: um país assim deve ser um lugar bonito, verdejante, um ponto de parada onde as aves vêm saciar-se e realizar as suas danças a céu aberto. O país dos poços deve ser uma terra povoada, atraente, cheia de vida. Desenganemo-nos, porém. Esse país tornava-se um devastador deserto. Com o passar do tempo, os poços tinham começado a calar a fonte que havia dentro deles. E, quase sem darem por isso, deixaram de ser poços e se transformaram em armazéns de entulho. As coisas todas que tinham deixado amontoar acabaram por calar a identidade e a beleza dos poços. E como relegaram a água lá para o fundo, em redor começou a crescer o deserto. E com o deserto veio a solidão, o peso de uma vida em que as coisas acabam por se virar contra ela mesma. Mas, um dia, um poço disse não. Esse poço tinha ouvido no mais fundo de si como que o borbulhar de uma música esquecida, que estava nele, mas há tanto tempo silenciada. E começou, então, a despejar o excesso para perseguir o rastro daquilo que o enchia de curiosidade. E, ao prosseguir nessa procura, sentia-se apaixonado. Em muitos anos, aproximava-se finalmente de um tesouro que não se comprava nem se vendia. Era uma realidade que estava nele. Era água. E como ele se tinha esvaziado, a água pôde recomeçar a subir e a espalhar-se. E à volta daquele poço a vida ressurgiu. Então os outros poços começaram a ser tocados pelo exemplo daquele. E como toda a água provinha de uma vigorosa nascente, foi possível reconverter aquele imenso deserto.
Nós somos o país da água vida. Contudo, parecemo-nos mais com desertos. Assemelhamo-nos mais a montes de entulho do que a lugares onde a fonte de eternidade encontra a sua morada e a sua expressão. De repente, sentimos que a vida se esgota no mesmo dia, que tudo acaba naquilo que vemos, que a nossa esperança é só o efêmero, o instante, que como fumo se esvai. Por isso, é fundamental o realismo espiritual que nos diz: não há caminho interior que avance sem a coragem de nos esvaziarmos, de deitarmos fora o que nos pesa e atordoa, para poder acolher o sabor límpido daquela fonte adiada, mas afinal acessível no fundo de nós mesmos.

Questões:
3- Vivemos uma crise de vivência dos valores éticos. Como você caracteriza esta crise e quais são os caminhos que você aponta para a recuperação dos valores éticos?

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