ESTOICISMO: AMOR AO DESTINO O estoicismo, fundado a partir das ideias de Zenão de Cício (336-263 a. C.),

foi a corrente filosófica de maior influência no período helenístico. Os representantes dessa corrente eram chamados de estoicos e defendiam a noção de que toda realidade existente é uma realidade racional. Isso significa que todos os seres, os indivíduos e a natureza fazem parte dessa realidade racional. Segundo esses pensadores, o que chamamos de Deus nada mais é do que a fonte dos princípios racionais que regem a realidade. Integrado à natureza não existe para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em que vivemos. Somos deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo. Portanto, não dispomos de poderes para alterar a ordem universal do mundo, mas por meio da filosofia podemos compreendê-la e viver segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever, vinculado à compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para a felicidade.
Para o estoicismo então é feliz aquele que vive de acordo como a ordem cósmica, aceitando e amando o próprio destino nela inscrito. Em outras palavras, tudo o que existe e que acontece tem um objetivo e uma razão de ser, pois faz parte da inteligência universal e divina. Assim, tudo é necessário, ou seja, não pode ser diferente do que é, pois no kósmos, todos os eventos estão organicamente predeterminados. Isso inclui a vida de cada um, o que quer dizer que, na concepção estoica, cada pessoa nasce com um destino definido. Pela mesma razão, tudo o que acontece deve ser bom, pois é animado pelo bem contido nos princípios racionais que governam o universo. O importante é a ordem do todo, da totalidade do universo. Isso quer dizer que para eles não há bem quando a pessoa se afasta do todo.
Os estoicos entendiam que é impossível sermos felizes se acreditarmos que felicidade é ter tudo o que desejamos (como geralmente se pensa). Basta que fracassemos em alcançar um desejo e nos tornamos infelizes. A esse respeito, ensinavam que há coisas que dependem de nós e há outras que não dependem de nós ou só de nós. Então, se existe uma ordem cósmica predeterminada e se há coisas que não dependem de nós, só nos resta aproveitar uma “brechinha” de liberdade que o estoicismo nos deixa para garantir nossa felicidade: a aplicação de uma faculdade que todos temos, a vontade. É a vontade que nos permite querer ou não querer as coisas. Ninguém nem nada pode me obrigar a querer o que não quero, ou a não querer o que quero. Podem me obrigar, por exemplo, a ir numa festa, inclusive me levar a força, mas não podem me fazer querer ir a essa festa. É desse modo, para os estoicos, que posso construir minha felicidade, usando minha vontade para querer apenas aquilo sobre o que tenho poder, que depende de mim e que me faz verdadeiramente feliz.
Por isso, os estoicos entendiam que uma pessoa não deve se revoltar por ter nascido com uma deficiência física, pobre ou escrava. Tudo isso não depende dela. A pessoa deve não apenas aceitar o peso de seu destino, mas também querê-lo, isto é, amar o que é, o que tem e o que vive.

ATIVIDADE:
1. Como é possível viver em um mundo imprevisível e cheio de sofrimento de acordo com o pensamento da corrente filosófica do Estoicismo? Você concorda? Por que?
2. Para os estoicos acreditavam que emoções estão sob nosso controle porque não são desejos espontâneos e incontroláveis. Para eles, ao contrário, as emoções estão relacionadas a pensamentos que alimentamos. Assim, na medida em que mudamos esses pensamentos, também podemos mudar nossos estados emocionais. Você concorda? Por que?

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