O texto e o episódio mostram que Marge no final Marge privilegiou a lei moral ou o agir por interesse? Justifique.



Uma característica central do ponto de vista moral, de acordo com Imannuel
Kant, é um compromisso com a realização do “dever”. O termo “dever” implica a presença de duas forças
contrárias. De um lado temos nossos desejos, sentimentos e interesses espontâneos - incluindo nossos
medos e ódios, nossos ciúmes e inseguranças. Do outro lado, há o que alguém acredita que deve fazer e o
tipo de pessoa que deve ser. O termo “dever” sugere que essas duas forças vivem em constante conflito; e,
consequentemente, fazer o que se deve fazer e tentar ser o que se deve ser pode ser difícil ou doloroso,
envolvendo sacrifícios de vários tipos. O indivíduo que se compromete a manter um ponto de vista moral
– o modelo moral ideal – é aquele que resolve se subordinar e sacrificar, se necessário, os desejos,
sentimentos e interesses pessoais em nome do dever – para fazer a coisa certa ou se tornar o tipo certo de
pessoa. Os episódios de Os simpsons costumam destacar o conflito entre desejos, sentimentos e interesses
pessoais de um lado, e o senso de dever moral, do outro.
[...] No episódio “Propriedade indesejada”, Marge arruma um emprego de corretora imobiliária. Está
cansada de ver seus serviços totalmente altruístas serem ignorados pela família. [...] Marge quer uma
carreira em que possa provar seu valor e suas habilidades para si mesma, para família e para a sociedade
maior de Springfield. Quando é apresentada aos colegas na firma, vemos que ela está entrando num
mundo de competição, no qual um quer cortar a garganta do outro. Um corretor venenosamente mais
velho [...] está à beira de um total colapso pessoal. A princípio, Marge não tem consciência desse
ambiente, vestindo com entusiasmo e orgulho o imponente casaco vermelho da empresa. O problema é
que Marge quer sinceramente ajudar os clientes, e está pronta para sacrificar seus interesses próprios em
nome do dever honesto. Confiando em Marge, amigos e vizinhos seguem a opinião dela. Respeitando
essa confiança , Marge diz o que ela realmente acha das casas que as pessoas estão interessadas em
comprar. Ela é honesta com os clientes, sentindo com eles os laços de amizade nessa comunidade
intimamente ligada, e como resultado não faz as vendas que lhe garantiriam sua posição na imobiliária.
Ela não consegue “fechar” os negócios.
Marge defende seus métodos ao conversar com o delicado gerente, Lionel Hutz: “Bem, como a gente diz:
ATIVIDADE DO BIMESTRE

A casa certa para a pessoa certa!” Lionel diz: “Ouça, deixe-me contar-lhe um segredinho, Marge. A casa
certa é aquela que está à venda. A pessoa certa é qualquer pessoa”. “Mas eu só falei a verdade!”, retruca
Marge. “Claro que falou”, diz Hutz. Mas há verdades” (ele franze a testa e balança a cabeça
negativamente) “e verdades” (agora ele faz uma expressão animada e um sinal positivos com a cabeça).
Uma venda poderia ser feita se ela expusesse o produto sob a luz certa: chamar uma casa pequena e
apertada, por exemplo, de “aconchegante”; descrever uma velharia caindo aos pedaços como “o sonho de
quem gosta de trabalhos manuais”, e assim por diante. Marge não se convence, mas acaba enfrentando a
opção: perder o emprego ou omitir um pouco a verdade. No conflito entre o interesse pessoal e o dever
moral, vemos que ela é pressionada a escolher o primeiro por causa das estruturas subjacentes da
organização social competitiva. Mudando o modo de falar com o cliente, Marge faz uma grande venda,
escondendo dos ingênuos Flanders o fato de houve um brutal assassinato na casa que eles estão
comprando. Ela tenta encontrar prazer na posse do cheque dos Flanders, sinal de seu sucesso na carreira
escolhida, o tributo ao seu valor como pessoa. Mas sente culpada por sentir que cometeu uma traição ao
dever. Seu senso de dever acaba triunfando sobre o desejo e interesse pessoal. Ela decide arriscar o
sacrifício de tudo por que aspirou, e volta a contar aos clientes a história completa da casa.

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