Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata (Santo Amaro da Purificação, 1854— Rio de Janeiro, 1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras influentes para o surgimento do samba carioca. Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum. No Rio de Janeiro, era Iyakekerê na casa de João Alabá. Também ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Em sua casa na Praça Onze era onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco - "Pelo Telefone"- , uma composição de Donga e Mauro de Almeida, na voz do cantor Baiano, também nascido em Santo Amaro da Purificação.
Biografia
Como muitas mulheres brasileiras do início do Século XX, ela poderia ser mais uma mulher negra, migrante que fazia doces para ajudar a criar os 14 filhos. Mas, “Hilária Batista de Almeida” resolveu não se curvar diante das circunstâncias e escreveu para sempre seu nome da história do Brasil e do Samba![1]
Tia Ciata, como era conhecida, nasceu em Santo Amaro da Purificação em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas(na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século, eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século XIX e na primeira do século XX para morar na Praça Onze, na região da Cidade Nova. Logo na chegada ao Rio de Janeiro, conheceu Noberto da Rocha Guimarães, envolvendo-se com ele, então, e acabou ficando grávida de sua primeira filha lhe dando o nome de Isabel. O caso dos dois não foi adiante. Ela acabou se separando de Noberto e, para sustentar a filha, começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, a sua fé no candomblé, religião proibida e perseguida naqueles tempos.Ia para o ponto de venda com sua roupa de baiana uma saia rodada e bem engomada, turbante e diversos colares (guias ou fio-de-contas) e pulseiras sempre na cor do orixá que iria homenagear. O tabuleiro era famoso e farto, repleto de bolos e manjares que faziam a alegria dos transeuntes de todas as classes sociais.
Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, que para aquela época era um negro bem-sucedido na vida. Deste casamento resultaram 14 filhos, uma relação fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época. Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música da melhor qualidade e claro seus quitutes. Partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias. Tia Ciata cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e o samba nunca parasse.
Foi em sua casa que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Hilário Jovino Ferreira, Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus. A hospitalidade dessas baianas fornecia a base para que os compositores pudessem desenvolver no Rio de Janeiro. A casa da Tia Ciata na Praça Onzeera tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.
As Tias Baianas do início do século XX, exerciam uma liderança na organização da família, da religião e do lazer. Segundo testemunhas das festas da Tia Ciata, incluindo sua neta Lili Jumbemba, ela levava meia hora fazendo “miudinho na roda” e “sabia sambar direitinho… arrastar graciosamente as chinelinhas na ponta do pé”. Porém as festas na sua casa, não eram bagunça:
João da Baiana contava que “os velhos ficavam na sala da frente cantando partido alto… os jovens ficavam nos quartos cantando samba corrido e, no terreiro, ficava o pessoal que gostava da batucada.”
Segundo o próprio Donga “ Formava-se uma roda. No Centro as pessoas sapateavam… dançava um de cada vez, com entusiasmo, fazendo samba nos pés…”
Resumindo na casa da Tia Ciata, havia alegria, havia comida boa, havia liberdade para cantar, dançar, brincar, compor, mas sem bagunça!
Normalmente, a polícia perseguia estes encontros, mas Tia Ciata era famosa por seu lado curandeiro e foi justamente um investigador e chofer de polícia, conhecido como Bispo que proporcionou a ela uma interessante história envolvendo o presidente da República, Wenceslau Brás. O presidente estava adoentado em virtude de uma ferida na perna que os médicos não conseguiam curar e este investigador então disse ao Presidente que Tia Ciata poderia curá-lo. Feito isto, foi falar com ela, dizendo:
- "Ele é um homem, um senhor do bem. Ele é o criador desse negócio da Lei de um dia não trabalha..."
lelerj
Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata (Santo Amaro da Purificação, 1854— Rio de Janeiro, 1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras influentes para o surgimento do samba carioca. Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum. No Rio de Janeiro, era Iyakekerê na casa de João Alabá. Também ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Em sua casa na Praça Onze era onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco - "Pelo Telefone"- , uma composição de Donga e Mauro de Almeida, na voz do cantor Baiano, também nascido em Santo Amaro da Purificação.
Biografia
Como muitas mulheres brasileiras do início do Século XX, ela poderia ser mais uma mulher negra, migrante que fazia doces para ajudar a criar os 14 filhos. Mas, “Hilária Batista de Almeida” resolveu não se curvar diante das circunstâncias e escreveu para sempre seu nome da história do Brasil e do Samba![1]
Tia Ciata, como era conhecida, nasceu em Santo Amaro da Purificação em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas(na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século, eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século XIX e na primeira do século XX para morar na Praça Onze, na região da Cidade Nova. Logo na chegada ao Rio de Janeiro, conheceu Noberto da Rocha Guimarães, envolvendo-se com ele, então, e acabou ficando grávida de sua primeira filha lhe dando o nome de Isabel. O caso dos dois não foi adiante. Ela acabou se separando de Noberto e, para sustentar a filha, começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Era na comida que ela expressava suas convicções religiosas, ou seja, a sua fé no candomblé, religião proibida e perseguida naqueles tempos.Ia para o ponto de venda com sua roupa de baiana uma saia rodada e bem engomada, turbante e diversos colares (guias ou fio-de-contas) e pulseiras sempre na cor do orixá que iria homenagear. O tabuleiro era famoso e farto, repleto de bolos e manjares que faziam a alegria dos transeuntes de todas as classes sociais.
Mais tarde, Tia Ciata casou-se com João Batista da Silva, que para aquela época era um negro bem-sucedido na vida. Deste casamento resultaram 14 filhos, uma relação fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época. Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música da melhor qualidade e claro seus quitutes. Partideira reconhecida, cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por dias. Tia Ciata cuidava para que a comida estivesse sempre quente e saborosa e o samba nunca parasse.
Foi em sua casa que se reuniram os maiores compositores e malandros, como Hilário Jovino Ferreira, Donga, Sinhô e João da Baiana, para saraus. A hospitalidade dessas baianas fornecia a base para que os compositores pudessem desenvolver no Rio de Janeiro. A casa da Tia Ciata na Praça Onzeera tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era "obrigatório" passar diante de sua casa.
As Tias Baianas do início do século XX, exerciam uma liderança na organização da família, da religião e do lazer. Segundo testemunhas das festas da Tia Ciata, incluindo sua neta Lili Jumbemba, ela levava meia hora fazendo “miudinho na roda” e “sabia sambar direitinho… arrastar graciosamente as chinelinhas na ponta do pé”. Porém as festas na sua casa, não eram bagunça:
João da Baiana contava que “os velhos ficavam na sala da frente cantando partido alto… os jovens ficavam nos quartos cantando samba corrido e, no terreiro, ficava o pessoal que gostava da batucada.”
Segundo o próprio Donga “ Formava-se uma roda. No Centro as pessoas sapateavam… dançava um de cada vez, com entusiasmo, fazendo samba nos pés…”
Resumindo na casa da Tia Ciata, havia alegria, havia comida boa, havia liberdade para cantar, dançar, brincar, compor, mas sem bagunça!
Normalmente, a polícia perseguia estes encontros, mas Tia Ciata era famosa por seu lado curandeiro e foi justamente um investigador e chofer de polícia, conhecido como Bispo que proporcionou a ela uma interessante história envolvendo o presidente da República, Wenceslau Brás. O presidente estava adoentado em virtude de uma ferida na perna que os médicos não conseguiam curar e este investigador então disse ao Presidente que Tia Ciata poderia curá-lo. Feito isto, foi falar com ela, dizendo:
- "Ele é um homem, um senhor do bem. Ele é o criador desse negócio da Lei de um dia não trabalha..."