O filósofo alemão Ernst Cassirer defendia a tese de que todo conhecimento – mítico, religioso e científico – é um conhecimento simbólico. Explicando seu pensamento, o filósofo apresenta uma tripla graduação na relação entre signo e significado:
a) A relação de expressividade, típica do mito. Neste caso, há uma identidade entre o signo e o significado; os símbolos tornam-se atributos da própria coisa que designam, como a cruz representa o cristianismo, por exemplo.
b) A relação de representação, caracterizada pela linguagem. Aqui o nome é uma convenção e servepara representar a coisa, como um substantivo. É a maneira mais comum de como nos utilizamos das palavras que representam um ente.
c) A relação de significado, típica da ciência. Há uma independência entre signo e significado. Exemplo disso é uma função matemática (signo), que representa algo diferente do deslocamento do planeta (significado).
Cassirer afirma que o mito não se reconhece a si mesmo como imagem ou metáfora, a sua imagem é a própria realidade. Da mesma forma, o pensamento mítico não deve ser compreendido como mera ilusão ou patologia, mas sim como forma de objetivação da realidade mais primária e de caráter específico. Algumas características do pensamento mítico são segundo Cassirer:
-A produção mítica não é uma forma de ficção inconsciente, tratando-se de uma produção espontânea, mas sem consciência de sua autoria.
-O pensamento mítico não diferencia nem o signo do significado, nem a imagem da coisa. A palavra então não é um simples símbolo, mas representa efetivamente a coisa, como no caso do nome de uma pessoa.
Na análise de Cassirer, a religião e o mito têm origens comuns, mas a religião vai se distanciando gradualmente do mito. Todavia, não existe uma fronteira nítida entre o mito e a religião. A diferença mais evidente para os estudiosos é que na religião o ser humano tem mais individualidade do que no mito. O mito explica suas crenças de forma emocional, enquanto a religião tenta racionalizá-los, explicá-los. Exemplo de comportamento em relação aos mitos é o dos antigos gregos do período clássico. Para estes homens a relação com os deuses era bastante distante, pois não havia o conceito da imortalidade individual que só apareceria mais tarde, quando houvessem cultos mantidos por sacerdotes associados aos deveres religiosos (como quando surgiram os cultos órficos, cuja ideologia muito influenciou o pensamento de Platão).
“O homem grego do período clássico não é strictu senso a “criatura” de uma divindade (idéia partilhada por muitas religiões arcaicas e pelos três monoteísmos) Por conseguinte, ele não tem a ousadia de esperança que as suas preces possam estabelecer certa intimidade com os deuses. Por outro lado, sabe que a sua vida já está decidida pelo destino, a moira ou a aísa, a sorte ou o quinhão que lhe foi atribuído – isto é, o tempo concedido até sua morte.” (Eliade, 1978).
A narrativa filosófica, comparada à mítica ou religiosa, vale-se de argumentos racionais, não está mais sujeita às prescrições dos deuses ou de seus sacerdotes. Apesar de se ocuparem de temas parecidos – “a posição do homem no universo” –, segundo o historiador Werner Jaeger, a filosofia aspira a um conhecimento sempre renovado e inquiridor, diferente da religião e da mitologia, que se contentam com
o ensinamento; estabelecido e aplicado sem discussões. Com relação a sua justificação, o mito e a religião não a precisam. A filosofia, por outro lado, vai constantemente elaborar novas justificativas para a sua existência ou utilidade
superlucas007
O filósofo alemão Ernst Cassirer defendia a tese de que todo conhecimento – mítico, religioso e científico – é um conhecimento simbólico. Explicando seu pensamento, o filósofo apresenta uma tripla graduação na relação entre signo e significado:
a) A relação de expressividade, típica do mito. Neste caso, há uma identidade entre o signo e o significado; os símbolos tornam-se atributos da própria coisa que designam, como a cruz representa o cristianismo, por exemplo.
b) A relação de representação, caracterizada pela linguagem. Aqui o nome é uma convenção e servepara representar a coisa, como um substantivo. É a maneira mais comum de como nos utilizamos das palavras que representam um ente.
c) A relação de significado, típica da ciência. Há uma independência entre signo e significado. Exemplo disso é uma função matemática (signo), que representa algo diferente do deslocamento do planeta (significado).
Cassirer afirma que o mito não se reconhece a si mesmo como imagem ou metáfora, a sua imagem é a própria realidade. Da mesma forma, o pensamento mítico não deve ser compreendido como mera ilusão ou patologia, mas sim como forma de objetivação da realidade mais primária e de caráter específico. Algumas características do pensamento mítico são segundo Cassirer:
-A produção mítica não é uma forma de ficção inconsciente, tratando-se de uma produção espontânea, mas sem consciência de sua autoria.
-O pensamento mítico não diferencia nem o signo do significado, nem a imagem da coisa. A palavra então não é um simples símbolo, mas representa efetivamente a coisa, como no caso do nome de uma pessoa.
Na análise de Cassirer, a religião e o mito têm origens comuns, mas a religião vai se distanciando gradualmente do mito. Todavia, não existe uma fronteira nítida entre o mito e a religião. A diferença mais evidente para os estudiosos é que na religião o ser humano tem mais individualidade do que no mito. O mito explica suas crenças de forma emocional, enquanto a religião tenta racionalizá-los, explicá-los. Exemplo de comportamento em relação aos mitos é o dos antigos gregos do período clássico. Para estes homens a relação com os deuses era bastante distante, pois não havia o conceito da imortalidade individual que só apareceria mais tarde, quando houvessem cultos mantidos por sacerdotes associados aos deveres religiosos (como quando surgiram os cultos órficos, cuja ideologia muito influenciou o pensamento de Platão).
“O homem grego do período clássico não é strictu senso a “criatura” de uma divindade (idéia partilhada por muitas religiões arcaicas e pelos três monoteísmos) Por conseguinte, ele não tem a ousadia de esperança que as suas preces possam estabelecer certa intimidade com os deuses. Por outro lado, sabe que a sua vida já está decidida pelo destino, a moira ou a aísa, a sorte ou o quinhão que lhe foi atribuído – isto é, o tempo concedido até sua morte.” (Eliade, 1978).
A narrativa filosófica, comparada à mítica ou religiosa, vale-se de argumentos racionais, não está mais sujeita às prescrições dos deuses ou de seus sacerdotes. Apesar de se ocuparem de temas parecidos – “a posição do homem no universo” –, segundo o historiador Werner Jaeger, a filosofia aspira a um conhecimento sempre renovado e inquiridor, diferente da religião e da mitologia, que se contentam com
o ensinamento; estabelecido e aplicado sem discussões. Com relação a sua justificação, o mito e a religião não a precisam. A filosofia, por outro lado, vai constantemente elaborar novas justificativas para a sua existência ou utilidade