Aáfrica e a globalizaçãonos anos mais recentes o continente africano tem tido enfrentado uma série de de-safios, cujas origens, na grande parte, se localizam, à primeira vista, fora do continente, isto é, no sistema internacional e nas economias e políticas do primeiro mundo. desafios que são denominados como “globalização”, fim da bipolaridade, hegemonia do neoliberalismo e ajuste estrutural (structural adjustment). de outro lado, observa-se uma profunda crise interna na maioria dos países africanos, uma crise que abrange a economia, a sociedade, o estado e sua legitimidade, isto é, uma crise que é de longue durée. neste texto, pretende-se conjugar dois destes elementos do ambiente externo do continente africano – a chamada globalização e o fim da guerra fria – para ver onde eles se encontram e mesclam. o argumento aqui apresentado é que o ambiente internacional – econômico e político – dos estados africanos piorou dramaticamente nos últimos 15 anos, e agora representa uma ameaça mais profunda e assustadora de que era o próprio colonialismo.

muitos autores alegam que o mundo tem mudado profundamente durante os últimos 15 a 20 anos e utilizam o termo “globalização” para conceituar e explicar estas trans-formações.1 “globalização” é uma palavra mágica: representa um macro-conceito, com, à primeira vista, alto poder explicativo, mas que, sob olhar mais aproximado, cada vez mais se derrete. para avaliar o chamado impacto da “globalização” sob o continente africano – impacto já indica onde se encontram os agentes nesta história – é importante delimitar do que se trata.