Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da

Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
ANJOS, A. Eu e outras poesias. 48. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
5. Indo na contramão das temáticas realistas e naturalistas, o poeta Augusto dos Anjos não mais se preocupa com a
análise da sociedade. Como se pode inferir no poema, o eu lírico se volta para uma
A) sondagem do “eu” enquanto ser de reflexão.
B) preocupação com as questões metafísicas.
C) melancolia diante dos fatos corriqueiros.
D) referenciação aos valores gregos clássicos.
E) tentativa de anular o social diante do indivíduo

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