Logo de manhã surgiu a necessidade de ir ao centro da cidade, meu bairro é distante alguns quilômetros. O dia estava lindo, ensolarado, pensei então, vou andando. Coloquei uma bermuda, uma camiseta meio surrada e um tênis confortável, e sai, fone no ouvido, sol na cara e vento no cabelo. Parecia uma boa ideia ir andando ao centro, porem a boa ideia virou um desastre, logo o sol já estava  me sapecando a pele, lembrei então que não tinha passado o protetor solar, nem um baton nos lábios e nem uma gotinha de perfume. Passando em frente ao cemitério me deparei com uma mulher, melhor um mulherão, pernão,  peitão, cabelão, blusinha , shortinho, perfumada, maquiada e o pior com um salto gigantesco, andando como se estivesse numa passarela, até pensei ser aquela uma aparição devido o lugar em que estávamos, mas não era, a mulher era real. Então olhei pra mim e oque eu vi? Uma bermudinha, uma camiseta surrada, um tênis confortável, mas todos sabem que tênis confortável é tênis velho, vermelha como pimentão, sem batom, sem perfume,  sem graça, despenteada, fiquei desolada, pensei em voltar pra casa, tomar um banho e recomeçar meu dia, mas essa opção não estava disponível, continuei meu caminho, evitando até me abaixar pra amarrar o cardaço com medo de ser confundida com um pedinte, e olhe que eu acho que até ganharia uns trocados, depois de fazer tudo que tinha pra fazer voltei pra casa, com o orgulho ferido, mas nunca mais vou esquecer essa lição, nunca sair de casa de qualquer jeito.