Aatriz angelina jolie ornada com par de chifres e asas, inundado de tecnologia de ponta, subvertendo a ideia central da narrativa, malévola é mais um desses filmes de fantasia a atualizar um conto de fadas popular. no caso, aqui, o da bela adormecida, adaptado pela disney pela primeira vez em 1959. a seu favor, o diretor de arte e supervisor de efeitos especiais, duas vezes ganhador do oscar, robert stromberg, estreando na direção, entrega um produto enxuto e pontual. malévola não soa tão pretensioso e histriônico quanto alice (2005), de tim burton, ou mesmo megalomaníaco como oz: mágico e poderoso (2012), de sam raimi. não que os dois últimos sejam necessariamente ruins. carregando também elementos comuns aos filmes de fantasia mais recente - principalmente o da saga do senhor dos anéis, influência recorrente em diversas produções -, malévola coloca seres fantásticos em conflito com humanos. a personagem-título é uma fada responsável pela guarda da floresta, habitada por uma gama de seres, vizinha do reino local. tal embate é deflagrado quando malévola (angelina jolie), ainda jovem, é traída por quem acreditava ser o seu grande amor, stefan (sharlto copley). na verdade, stefan aspirava à mão da princesa e ainda que tivesse sentimentos nobres pela fada, preferiu troca-los pelo trono. malévola também incide sobre a temática do poder que corrompe. possessa pelo ódio, a fada, agora com aparência de bruxa e aliada a um corvo, diaval (sam riley), que transforma a bel prazer na criatura que desejar, impõe uma cruel maldição na pequena aurora (mais tarde interpretada por elle fanning), então filha recém-nascida do agora rei stefan. como no clássico de 1959, a princesa ao completar dezesseis anos espetará o dedo na agulha de uma roca e cairá no sono da morte, somente podendo acordar com o beijo de um amor verdadeiro. e nos anos que se passam, escondida aos cuidados de três fadas trapalhonas (lesley manville, juno temple e imelda staunton, todas as três sub-utilizadas), aurora não vai deixar de ser observada por malévola. ainda que tateie apenas a superfície em muitas questões, malévola exprime com alguma eficiência os conflitos internos da protagonista. o misto de ódio e amor que habita a fada e como paixão pode conduzir ao mal e vice-versa. e se jolie não está no seu melhor momento - penso que ela é o tipo de atriz que tem dificuldade de sumir dentro de um personagem -, também não está apática e parece se divertir. do mesmo modo que seus filmes irmãos valente (2012) e frozen (2013), malévola têm verniz feminista, da mulher forte que nega o amor idealizado. entretanto, creio que a síntese da obra não se refere a isso, mas sim sobre a dualidade entre bem e mal, herói e vilão e como o menor detalhe pode fazer ambos se confundirem. - malévola (maleficent), de robert stromberg, eua, inglaterra, 2014.
tay1074
Aatriz angelina jolie ornada com par de chifres e asas, inundado de tecnologia de ponta, subvertendo a ideia central da narrativa, malévola é mais um desses filmes de fantasia a atualizar um conto de fadas popular. no caso, aqui, o da bela adormecida, adaptado pela disney pela primeira vez em 1959. a seu favor, o diretor de arte e supervisor de efeitos especiais, duas vezes ganhador do oscar, robert stromberg, estreando na direção, entrega um produto enxuto e pontual. malévola não soa tão pretensioso e histriônico quanto alice (2005), de tim burton, ou mesmo megalomaníaco como oz: mágico e poderoso (2012), de sam raimi. não que os dois últimos sejam necessariamente ruins.
carregando também elementos comuns aos filmes de fantasia mais recente - principalmente o da saga do senhor dos anéis, influência recorrente em diversas produções -, malévola coloca seres fantásticos em conflito com humanos. a personagem-título é uma fada responsável pela guarda da floresta, habitada por uma gama de seres, vizinha do reino local. tal embate é deflagrado quando malévola (angelina jolie), ainda jovem, é traída por quem acreditava ser o seu grande amor, stefan (sharlto copley). na verdade, stefan aspirava à mão da princesa e ainda que tivesse sentimentos nobres pela fada, preferiu troca-los pelo trono. malévola também incide sobre a temática do poder que corrompe.
possessa pelo ódio, a fada, agora com aparência de bruxa e aliada a um corvo, diaval (sam riley), que transforma a bel prazer na criatura que desejar, impõe uma cruel maldição na pequena aurora (mais tarde interpretada por elle fanning), então filha recém-nascida do agora rei stefan. como no clássico de 1959, a princesa ao completar dezesseis anos espetará o dedo na agulha de uma roca e cairá no sono da morte, somente podendo acordar com o beijo de um amor verdadeiro. e nos anos que se passam, escondida aos cuidados de três fadas trapalhonas (lesley manville, juno temple e imelda staunton, todas as três sub-utilizadas), aurora não vai deixar de ser observada por malévola.
ainda que tateie apenas a superfície em muitas questões, malévola exprime com alguma eficiência os conflitos internos da protagonista. o misto de ódio e amor que habita a fada e como paixão pode conduzir ao mal e vice-versa. e se jolie não está no seu melhor momento - penso que ela é o tipo de atriz que tem dificuldade de sumir dentro de um personagem -, também não está apática e parece se divertir. do mesmo modo que seus filmes irmãos valente (2012) e frozen (2013), malévola têm verniz feminista, da mulher forte que nega o amor idealizado. entretanto, creio que a síntese da obra não se refere a isso, mas sim sobre a dualidade entre bem e mal, herói e vilão e como o menor detalhe pode fazer ambos se confundirem.
- malévola (maleficent), de robert stromberg, eua, inglaterra, 2014.