Tudo começa com alterações no hipotálamo, que disparam o estirão de crescimento e mais tarde provocam o amadurecimento sexual tanto do cérebro quanto do corpo, por meio da liberação dos hormônios sexuais. No início da adolescência, o sistema de recompensa, que nos faz sentir prazer e querer mais do que é bom, perde mais de um terço da sua capacidade de ativação. Resultado: o tédio, quando nada do que antes era bom nos satisfaz. Apesar de ser ruim a curto prazo, o tédio tem um papel importantíssimo: ele nos faz abandonar os brinquedos da infância e começar a procurar novas atividades.
Nessa fase surge também o gosto por correr riscos. É aqui, aliás, que as drogas costumam entrar na vida dos jovens: como elas ativam diretamente o sistema de recompensa, oferecem o prazer instantâneo que o cérebro tanto procura. O problema é que se o sistema, ainda em formação, continuar a se desenvolver com elas, será muito difícil largar o vício.
A seguir, entre 12 e 15 anos, o córtex pré-frontal passa a exercer com crescente autonomia suas funções adultas: permitir o raciocínio abstrato, aguçar a memória e a concentração e controlar os impulsos – por exemplo, fazendo o adolescente segurar o ímpeto de xingar a mãe ou cometer outra besteira impulsiva.
Somente no final da adolescência é que amadurecem as regiões do córtex que permitem um comportamento sensato e responsável, graças à capacidade de raciocínio conseqüente e de utilização das emoções na hora de tomar decisões. São as regiões do córtex órbito-frontal, responsáveis inclusive pelo arrependimento e sua antecipação. Só então o adolescente passa a considerar sozinho as conseqüências dos próprios atos ANTES de agir. É nessa época também, no final da adolescência, que o chamado Circuito Social do cérebro amadurece e permite que o adolescente se torne uma pessoa sociável, empática, solidária, capaz de se colocar no lugar dos outros e usar essa informação na hora de agir.
O autoconhecimento que a neurociência hoje traz para o adolescente pode ajudá-lo a conhecer e aceitar seus limites. É importante saber que é normal – e desejável – precisar de estímulos novos, e procurá-los na literatura, no cinema, na música, no esporte, nas amizades; que usar drogas na adolescência é uma péssima idéia porque o sistema sobre o qual elas agem está em uma fase crítica de sua formação; que a impulsividade é natural e passageira, e que ainda NÃO somos capazes de encontrar sozinhos todos os fatores, ou ao menos os mais importantes, para pesar na hora de tomar decisões – porque as partes necessárias do cérebro ainda não estão prontas.
E é importante saber que, mesmo assim, é preciso que o adolescente tome suas próprias decisões, porque é só assim que se aprende – e os pais e outros adultos confiáveis são ótimos consultores nessas horas, porque seu cérebro já aprendeu a enxergar todas as conseqüências possíveis dos seus atos. A adolescência é uma fase de aprendizado intenso, em que – ainda bem – o jovem tem direito a vários erros no caminho.
paulricar0
Tudo começa com alterações no hipotálamo, que disparam o estirão de crescimento e mais tarde provocam o amadurecimento sexual tanto do cérebro quanto do corpo, por meio da liberação dos hormônios sexuais. No início da adolescência, o sistema de recompensa, que nos faz sentir prazer e querer mais do que é bom, perde mais de um terço da sua capacidade de ativação. Resultado: o tédio, quando nada do que antes era bom nos satisfaz. Apesar de ser ruim a curto prazo, o tédio tem um papel importantíssimo: ele nos faz abandonar os brinquedos da infância e começar a procurar novas atividades.
Nessa fase surge também o gosto por correr riscos. É aqui, aliás, que as drogas costumam entrar na vida dos jovens: como elas ativam diretamente o sistema de recompensa, oferecem o prazer instantâneo que o cérebro tanto procura. O problema é que se o sistema, ainda em formação, continuar a se desenvolver com elas, será muito difícil largar o vício.
A seguir, entre 12 e 15 anos, o córtex pré-frontal passa a exercer com crescente autonomia suas funções adultas: permitir o raciocínio abstrato, aguçar a memória e a concentração e controlar os impulsos – por exemplo, fazendo o adolescente segurar o ímpeto de xingar a mãe ou cometer outra besteira impulsiva.
Somente no final da adolescência é que amadurecem as regiões do córtex que permitem um comportamento sensato e responsável, graças à capacidade de raciocínio conseqüente e de utilização das emoções na hora de tomar decisões. São as regiões do córtex órbito-frontal, responsáveis inclusive pelo arrependimento e sua antecipação. Só então o adolescente passa a considerar sozinho as conseqüências dos próprios atos ANTES de agir. É nessa época também, no final da adolescência, que o chamado Circuito Social do cérebro amadurece e permite que o adolescente se torne uma pessoa sociável, empática, solidária, capaz de se colocar no lugar dos outros e usar essa informação na hora de agir.
O autoconhecimento que a neurociência hoje traz para o adolescente pode ajudá-lo a conhecer e aceitar seus limites. É importante saber que é normal – e desejável – precisar de estímulos novos, e procurá-los na literatura, no cinema, na música, no esporte, nas amizades; que usar drogas na adolescência é uma péssima idéia porque o sistema sobre o qual elas agem está em uma fase crítica de sua formação; que a impulsividade é natural e passageira, e que ainda NÃO somos capazes de encontrar sozinhos todos os fatores, ou ao menos os mais importantes, para pesar na hora de tomar decisões – porque as partes necessárias do cérebro ainda não estão prontas.
E é importante saber que, mesmo assim, é preciso que o adolescente tome suas próprias decisões, porque é só assim que se aprende – e os pais e outros adultos confiáveis são ótimos consultores nessas horas, porque seu cérebro já aprendeu a enxergar todas as conseqüências possíveis dos seus atos. A adolescência é uma fase de aprendizado intenso, em que – ainda bem – o jovem tem direito a vários erros no caminho.