Ajeitando os cabelos na Avenida Paulista Na Avenida Paulista, num daqueles canteiros de paralelepípedos,

a velha procurava um lugar num arbusto, para prender um espelhinho. Não havia como […]. — O senhor pode segurar para mim? Preciso ajeitar o cabelo. A primeira vontade foi dizer: estou com pressa. Na verdade, tinha alguma, apesar de ser oito horas. Estava a caminho do Banco Real para juntar-me ao júri que selecionava os contos do concurso da terceira idade. […] O pedido dela envolvia um sonho: ela queria se fazer bonita. Na avenida mais movimentada da cidade (um milhão de pessoas por dia), logo de manhã, ela preparava a toalete. […] — Cinco minutos. Sou rápida. Sempre fui rápida com meu cabelo. Estavam escorridos, molhados, limpos. — Acabou de lavar? — Faz dez minutos. — Onde lava? — Pensa que é em algum salão? Riu. Tinha humor. O rosto enrugado era dominado por uma alegria tranquila, os olhos tinham vigor, não eram murchos, depressivos. — Por que não? — Sabe quanto os salões cobram? […] BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Ajeitando os cabelos na Avenida Paulista. In: . Calcinhas secretas. São Paulo: Ática, 2003. p. 72-75. 1. Com base na leitura da crônica, responda: a) Quem é o narrador do texto? O que ele fazia no local onde se passa a crônica? b) O narrador conhecia a mulher? Justifique sua resposta. 2. O que há em comum entre a mulher e o narrador? 3. Levante hipóteses a respeito de quem pode ser essa mulher. Ela trabalha? Ela mora em algum prédio ali nas imediações da Avenida Paulista? Por que ela precisa que alguém segure o espelho? Em seguida, discuta que atitude você tomaria no lugar do narrador. ​

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