O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) visava criar um livre mercado para circulação

de produtos e serviços entre Estados Unidos, Canadá, e México. […] Indústrias dos EUA e Canadá passaram a se instalar no México, onde os custos eram menores. O resultado foi a criação de indústrias de processamento de grãos conhecidas como maquiladoras. […] Essas maquiladoras preferem mulheres com entre 15 e 20 anos de idade e que vêm de áreas com mais desigualdade social, pois há mais chances dessas mulheres não conhecerem as leis trabalhistas. A maioria delas atuava entre 10 a 14 horas por dia, sendo que muitas começam a trabalhar com 12 anos de idade. Enquanto nos Estados Unidos o salário por uma hora de trabalho era 17,70 dólares, as trabalhadoras mexicanas recebiam 1,21 dólares pelo mesmo número de horas trabalhadas.
[…] Estima-se que cerca de 45% das mulheres que trabalham nas maquilas foram vítimas de assédio sexual. Desde a criação do NAFTA, o número mulheres e meninas desaparecidas e mortas tem aumentado [… e os] níveis de criminalidade em geral também. O termo “feminicídio” surge nesse contexto.
[…] Por serem mão de obra mais barata e se adaptarem melhor ao ritmo de trabalho intenso das maquiladoras, mulheres acabam sendo as únicas contratadas nesse tipo de trabalho. […] Enquanto isso, o desemprego cresce entre os homens, os quais se sentem “desonrados” numa realidade em que as mulheres se tornam “chefes de famílias”, mesmo com seus baixos salários. Desta forma o “livre mercado” dá combustível ao machismo quando “favorece” as mulheres em seu objetivo de reduzir seus custos de produção.
[…] Indústrias modernas, muitas estrangeiras depois do NAFTA, convivem com a desigualdade, o abandono e a morte. A lógica do livre mercado estabelecido pelo NAFTA isenta essas empresas de obrigações, mesmo as mais básicas, como garantir segurança às suas operárias.

Como nossas atuais ideias sobre dinheiro podem impactar relações de gênero?

RESPONDER

castrofiori está aguardando sua ajuda, Clique aqui para responder.