Por que, alias, ética e não moral? impõem-se aqui algumas definições, suficientemente abertas e flexíveis,

para não congelar, desde o principio, a analise.

1 Resposta

  • Lauraa

    Maria, não há consenso sobre o uso dos termos ética e moral. Vou dar um conceito bem geral de ética a fim de evitar desavenças: a ética uma disciplina que se ocupa com os critérios de correção ou incorreção de ações humanas no que se refere especialmente a suas relações com outros seres humanos. No segundo capítulo de suas "Lições sobre ética", Ernst Tugendhat faz um histórico do termo. Aristóteles tinha designado como "éticas" sua investigação sobre ēthe, sobre as qualidades de caráter boas e más, ou em outras palavras, sobre as virtudes e os vícios. A palavras grega ēthikos foi traduzida em latim por moralis, que significa costumes e hábitos. Segundo Tgendhat, ocorreu aí um curioso erro de tradução por parte dos escritores latinos, que se orientaram pela palavra ēthe, que significava, para Aristóteles, hábitos. Foi dessa confusão que surgiu a nossa palavra moral. Geralmente, tendo em vista isso, a maioria dos autores consideram os termos intercambíveis ou equivalentes. Outros costumam diferenciá-los. Os kantianos geralmente reservam a palavra "ética" para designar aquela disciplina que se ocupa com determinados âmbitos da experiência humana, ou seja, dos problemas morais, em oposição a problemas do âmbito jurídico, político e estético. Fora da Filosofia, e em uso na linguagem usual, a ética se refere à disciplina que visa obter certas regras morais por inspeção racional e foi nesse sentido que Rothbard empregou o termo no seu Ética da Liberdade. A moral para os autores libertários é um conjunto de regras cotidianos referntes aos hábitos das pessoas quando interagem em sociedade.

    Bem, o que é objetivismo em filosofia? Vou dar aqui quatro teses que caracterizam uma filosofia moral como objetiva:

    1) as qualidades, atributos e propriedades moral que, em nossos juízos, assciamos a intenções, ações, pessoas, instituições, etc. possuem uma existência de pleno direito, independente dos seres humanos;

    2) os juízos morais expressam proposições que são, em menor ou maior grau, verdadeiros ou falsas e que podem ser reconhecidas como tais;

    3) a verdade ou falsidade desses juízos morais, pelo menos em grande medida, independe de nossas opiniões, experiências pessoais, estados emocionais, pertencimento a grupos ou culturas, etc;

    4) a capacidade natural dos seres humanos para refletir sobre questões morais, quando devidamente apoiada em informações relevantes e por hábitos de pensamento e crítica racional, permite chegar a conhecimentos morais verdadeiros.

    A ética libertária cumpre todos os quesitos acima, pois tem uma fundação racional baseada no axioma deontológico da universalidade.

    Por fim, o utilitarismo é uma doutrina ética desenvolvida por Jeremy Bentham e pelo liberal John Stuart Mill que afirma que a moralidade das ações são virtuosas quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade. O utilitarismo é um caso particular das éticas consequencialistas que são caracterizadas por admitir que as propriedades normativas dependem apenas de suas consequências - ou seja elas são sempre derivativas e não intrínsecas. As teorias consequencialistas diferem-se das teorias deontológicas (onde se insere a ética libertária) exatamente em função do fato de que as teorias deontológicas estabelecem que a determinação de propriedades normativas seja independente das consequências da ação, estando diretamente vinculadas àquilo que devemos ou não fazer. As teorias deontológicas estabelecem normas ou princípios que não devemos violar, e a partir destes é definido o que é o certo e o errado. As teorias consequencialistas, ao contrário, estabelecem que o certo e o errado só podem ser estabelecidos no cálculo das consequências da ação.

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