A actual discussão pública em torno da questão das vacinas revelou, mais uma vez, algumas características muito peculiares desta sociedade “democrática”, nascida com o 25 de Abril de 1974. Se durante a Ditadura havia dogmas indiscutíveis, como Deus ou a Pátria, a Democracia trouxe-nos o ar fresco de outros dogmas indiscutíveis. Não falemos da “Crise Permanente”, nem da “Dívida Eterna”. Atentemos, por ora, na absoluta e inviolável segurança científica das vacinas e na infalibilidade da Ciência, coisas da ordem do dia.
Não se trata, na maioria dos casos daqueles que se propõem questionar a segurança de algumas vacinas, de assumir uma posição dogmática e irredutível contra a vacinação, mas tão só de fazer perguntas, colocar dúvidas e analisar factos que contrariam a certeza absoluta e unilateral dos que pretendem impor a vacinação com força de lei e exigem que a população acredite na sua palavra com um transcendente acto de fé, só porque lhes assiste uma consensual autoridade estatutária para a proferir.
Ainda ontem, no programa televisivo Prós e Contras, um Think Tank científico da melhor qualidade, se puderam testemunhar contradições preocupantes no discurso consensual em favor da segurança das vacinas. No painel principal de comentadores, todos eles, naturalmente, defendendo a mesma posição, o que , desde logo, torna muito clara a intenção de um debate deste tipo, um dos participantes acusou o autor de um estudo científico que estabeleceu uma hipotética relação entre a vacina do sarampo e o autismo, de ser um “aldrabão” e de “ter sido pago” para produzir essa fraude. Fez esta afirmação tendo na mesa em frente um correligionário seu, também defensor acérrimo da total segurança das vacinas, que minutos antes tinha afirmado que “a vacina do sarampo não tem qualquer efeito secundário”, o que, obviamente, é falso. Mas esta afirmação falsa não pode ser levada na conta de uma mera opinião plebeia, oriunda de um qualquer homeopata ignorante. Trata-se de Ciência, da mais imparcial, positiva e indiscutível Ciência, produzida por um investigador português que em 2013 recebeu 1,218 milhões de dólares da Fundação Bill & Melinda Gates, que anda pelo mundo a vacinar toda a gente. Nenhum conflito de interesses, portanto. Ciência no seu estado mais puro. O facto é que contradições destas não favorecem a credibilidade de quem diz pretender defender a saúde pública.
Creusacosta
A actual discussão pública em torno da questão das vacinas revelou, mais uma vez, algumas características muito peculiares desta sociedade “democrática”, nascida com o 25 de Abril de 1974. Se durante a Ditadura havia dogmas indiscutíveis, como Deus ou a Pátria, a Democracia trouxe-nos o ar fresco de outros dogmas indiscutíveis. Não falemos da “Crise Permanente”, nem da “Dívida Eterna”. Atentemos, por ora, na absoluta e inviolável segurança científica das vacinas e na infalibilidade da Ciência, coisas da ordem do dia.
Não se trata, na maioria dos casos daqueles que se propõem questionar a segurança de algumas vacinas, de assumir uma posição dogmática e irredutível contra a vacinação, mas tão só de fazer perguntas, colocar dúvidas e analisar factos que contrariam a certeza absoluta e unilateral dos que pretendem impor a vacinação com força de lei e exigem que a população acredite na sua palavra com um transcendente acto de fé, só porque lhes assiste uma consensual autoridade estatutária para a proferir.
Ainda ontem, no programa televisivo Prós e Contras, um Think Tank científico da melhor qualidade, se puderam testemunhar contradições preocupantes no discurso consensual em favor da segurança das vacinas. No painel principal de comentadores, todos eles, naturalmente, defendendo a mesma posição, o que , desde logo, torna muito clara a intenção de um debate deste tipo, um dos participantes acusou o autor de um estudo científico que estabeleceu uma hipotética relação entre a vacina do sarampo e o autismo, de ser um “aldrabão” e de “ter sido pago” para produzir essa fraude. Fez esta afirmação tendo na mesa em frente um correligionário seu, também defensor acérrimo da total segurança das vacinas, que minutos antes tinha afirmado que “a vacina do sarampo não tem qualquer efeito secundário”, o que, obviamente, é falso. Mas esta afirmação falsa não pode ser levada na conta de uma mera opinião plebeia, oriunda de um qualquer homeopata ignorante. Trata-se de Ciência, da mais imparcial, positiva e indiscutível Ciência, produzida por um investigador português que em 2013 recebeu 1,218 milhões de dólares da Fundação Bill & Melinda Gates, que anda pelo mundo a vacinar toda a gente. Nenhum conflito de interesses, portanto. Ciência no seu estado mais puro. O facto é que contradições destas não favorecem a credibilidade de quem diz pretender defender a saúde pública.